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8 Dicas para Escrever Melhor: Faça de seu Leitor um Coautor

  • Foto do escritor: Paulo André
    Paulo André
  • 12 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 18 de jul.

Pessoa escrevendo melhor com dicas de escrita criativa

Escrever melhor sempre deve ser seu objetivo! Estamos condenados à servidão aos leitores!


Para agradar a seus senhores e trubinar a experiência de leitura de um romance, você dever usar, além de sua sensibilidade, técnicas de escrita criativa que convidam o leitor a uma participação ativa na descoberta da narrativa. O eixo interpretativo sempre pende para o leitor. Só resta interagir com ele e trazê-lo para "dentro do livro" como coautor.

Em vez de antecipar os acontecimentos ou explicar demais, essas técnicas deixam espaço para a imaginação, despertando a curiosidade sem revelar todos os segredos de antemão. Isso evita dois problemas comuns: a antecipação – que tira o prazer da surpresa –, e a explicação excessiva – que pode transmitir a ideia de que o leitor não é capaz de interpretar por si mesmo.


1. Mostrar, Não Contar


Em vez de explicar diretamente os sentimentos ou os acontecimentos, o autor deve fazer com que o leitor "veja" e "sinta" a cena por meio de descrições sensoriais e ações. Essa abordagem favorece a identificação emocional e a imersão na história.


Exemplo: Ernest Hemingway, com sua "teoria do iceberg", apresenta uma narrativa concisa em que o que não é dito é tão importante quanto o que aparece na superfície. Essa técnica faz com que o leitor atue quase como um detetive, completando as lacunas com suas próprias interpretações.


2. Suspense e Revelação Gradual


A ideia é dosar a entrega de informações: colher pistas que instiguem o leitor sem entregar o roteiro completo. O uso cuidadoso do foreshadowing (antecipação sutil) permite que pequenos indícios sejam espalhados ao longo do texto, criando uma tensão que se resolve de forma natural mais adiante.


Exemplo: Agatha Christie foi mestra em semear pequenos indícios nas tramas de seus romances policiais. Dessa forma, o leitor sente que, ao juntar as peças, a solução do mistério é resultado de sua própria leitura atenta, e não de uma revelação imposta .


3. Diálogos Naturais e Indiretos


Os diálogos são ferramentas poderosas para revelar a personalidade dos personagens, seus conflitos internos e até mesmo traços da história sem precisar recorrer a longas explicações narrativas. Conversas autênticas e sutis podem marcar as intenções e emoções sem descrever explicitamente todos os detalhes.


Exemplo: Jane Austen utiliza diálogos carregados de ironia e crítica social que, ao mesmo tempo que entretêm, permitem ao leitor deduzir nuances dos personagens e da trama. Essa técnica respeita a inteligência do leitor, convidando-o a inferir significados que vão além do óbvio .


4. Construção de Personagens Complexos e Ambíguos


Ao desenvolver personagens com motivações e conflitos internos que não são totalmente revelados de imediato, o autor torna o processo de descobrimento um convite à interpretação. Personagens multifacetados criam um vínculo com o leitor, que se sente parte da evolução da história.


Exemplo: Machado de Assis constrói personagens como Bentinho e Capitu em Dom Casmurro de forma ambígua, sem esclarecer completamente as intenções e sentimentos, o que provoca debates e múltiplas interpretações entre os leitores .


5. Linguagem Simbólica e Metafórica


O uso de metáforas, símiles e outras figuras de linguagem pode adicionar camadas de significado à narrativa sem explicitar cada detalhe, mantendo o leitor desafiado a explorar as relações simbólicas da história.


Exemplo: Em Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez mescla o real e o fantástico através de uma escrita poética e repleta de símbolos. Essa técnica permite que o leitor sinta a magia do enredo e interprete os elementos simbólicos de forma pessoal.


6. Estrutura Narrativa Não-Linear

Romper com a linearidade pode levar o leitor a montar a cronologia dos eventos e a entender as relações entre as partes da história de forma mais profunda.


7. Utilização do Espaço e do Silêncio

A inserção de pausas narrativas e de momentos de silêncio pode intensificar a atmosfera do romance e dar ênfase a momentos-chave, como faz Margaret Atwood em muitos de seus textos.


8. Narrador Confiável vs. Narrador Não Confiável

Esse recurso pode desafiar o leitor a questionar as informações apresentadas, enriquecendo a experiência de leitura ao criar múltiplas camadas de interpretação, recurso que Clarice Lispector utiliza com frequência. Bentinho, um dos narradores de Dom Casmurro (Sim, são dois: Dom Casmurro e Bentinho, apesar de serem a mesma pessoa) de Machado de Assis também é um bom exemplo de narrador não confiável.


Escrever melhor exige esforço extra, mas explorar essas técnicas e integrá-las de forma harmoniosa no seu romance pode transformar a narrativa em uma experiência única e instigante, onde cada página convida o leitor a descobrir algo novo sem que tudo esteja previamente explicado. Esses métodos preservam a magia da história e mostram respeito pela inteligência e imaginação de quem lê.

Você cria uma leitura dinâmica e interativa, onde o leitor é constantemente convidado a participar ativamente da construção do sentido da narrativa. Em vez de receber um roteiro pré-definido, o leitor vivencia a descoberta, o que torna a história muito mais envolvente e memorável.

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