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Biografia de R. Chandeler e Resenha de O Longo Adeus

Atualizado: 8 de mai.



Raymonde Chandeler

Raymond Thornton Chandler nasceu em 23 de julho de 1888, em Chicago, Illinois, nos Estados Unidos. Após o divórcio de seus pais em 1895, passou parte da infância na Irlanda e a juventude em Londres, onde estudou no Dulwich College, financiado por um tio materno bem-sucedido. Durante esse período, publicou seus primeiros escritos, incluindo ensaios e poesias, enquanto trabalhava como freelancer para jornais como The Westminster Gazette e The Spectator.

Em 1912, Chandler retornou aos Estados Unidos e começou a trabalhar como contabilista. Durante a Primeira Guerra Mundial, alistou-se no Exército Canadense e lutou na França. Após o fim do conflito, mudou-se para Los Angeles, Califórnia, onde iniciou um relacionamento com Cissy Pascal, uma pianista 17 anos mais velha que ele, com quem se casou em 1924.

Na década de 1920, Chandler ingressou na indústria do petróleo, ocupando um cargo de vice-presidente na Dabney Oil Syndicate, uma empresa petrolífera em Signal Hill, Califórnia. No entanto, devido a problemas com alcoolismo, perdeu o emprego e viu sua carreira corporativa ruir com a Grande Depressão. Foi nesse período que começou a escrever histórias policiais para revistas pulp, como a Black Mask Magazine.

Seu primeiro romance policial, À Beira do Abismo (The Big Sleep), foi publicado em 1939, apresentando o icônico detetive Philip Marlowe, que protagonizou mais seis romances: Adeus, Minha Adorada (Farewell, My Lovely), Janela para a Morte (The High Window), A Dama do Lago (The Lady in the Lake), A Irmãzinha (The Little Sister), O Longo Adeus (The Long Goodbye) e Playback (Playback). Chandler se tornou um dos principais nomes do romance policial noir, ao lado de Dashiell Hammett.

Além da literatura, Chandler trabalhou como roteirista em Hollywood, adaptando e criando roteiros para filmes. Ele criticava a falta de autonomia dos escritores na indústria cinematográfica e considerava o trabalho exaustivo. Em 1952, realizou o sonho de levar sua esposa para a Inglaterra, mas sua felicidade foi abalada pela morte de Cissy em 1954. Profundamente abalado, voltou a se refugiar no álcool e enfrentou problemas emocionais.

Raymond Chandler faleceu em 26 de março de 1959, aos 70 anos, vítima de pneumonia, sepultado no Cemitério de Mount Hope. Seu legado permanece vivo, influenciando gerações de escritores e cineastas no gênero policial.

Raymond Chandler revolucionou o gênero hard-boiled, trazendo um estilo mais literário às histórias de detetive. Seu protagonista, Philip Marlowe, se tornou um arquétipo do investigador durão e cínico, mas com seu código moral próprio. Chandler inovou ao criar histórias envolventes, diálogos afiados e descrições atmosféricas, elevando o gênero policial a um novo patamar.

Sua influência se estende a escritores como James Ellroy, autor de Dália Negra e Los Angeles Confidential; Ross Macdonald, criador do detetive Lew Archer; Robert B. Parker, com sua série Spenser; e Walter Mosley, que trouxe Easy Rawlins para a literatura policial noir. Além disso, seu impacto se faz presente no cinema noir, com adaptações de suas obras e roteiros que ele mesmo escreveu para Hollywood.

Vários de seus romances foram adaptados para o cinema, consolidando sua influência no gênero. Alguns dos principais filmes são:


  • À Beira do Abismo (The Big Sleep, 1946) – Dirigido por Howard Hawks, estrelado por Humphrey Bogart como Philip Marlowe e Lauren Bacall.

  • Adeus, Minha Adorada (Farewell, My Lovely, 1975) – Com Robert Mitchum no papel de Marlowe.

  • O Longo Adeus (The Long Goodbye, 1973) – Dirigido por Robert Altman, com Elliott Gould interpretando Marlowe.


Philip Marlowe foi interpretado ao longo dos anos por Humphrey Bogart, Robert Mitchum, Elliott Gould, James Garner e Dick Powell, cada um trazendo uma abordagem diferente ao personagem.

Chandler elevou o gênero policial e influenciou gerações de escritores, cineastas e roteiristas. Seu impacto continua vivo na literatura e no cinema, e sua obra ainda serve de inspiração para narrativas contemporâneas.


Resenha de O Longo Adeus de Chandeler


"O Longo Adeus" é uma das obras-primas de Raymond Chandler, consolidando seu lugar como um dos maiores escritores de romance policial noir. Publicado em 1953, o livro traz de volta o icônico detetive Philip Marlowe, agora envolvido em um caso que transcende a mera investigação criminal, mergulhando profundamente em temas como amizade, corrupção e desilusão.

A narrativa começa com Marlowe ajudando Terry Lennox, um homem misterioso e carismático que parece estar fugindo de algo sombrio. No início da história, Lennox surge como um homem charmoso, mas enigmático, carregando um passado duvidoso. Após sua esposa ser encontrada morta, ele foge para o México, onde mais tarde é declarado morto por suicídio. No entanto, conforme Marlowe investiga o caso, surgem indícios de que a verdade pode ser muito mais complexa. Seu destino reflete um dos principais temas do livro: a impossibilidade de escapar do próprio passado e a dura realidade da desilusão. Chandler conduz a trama de forma magistral, deixando ao leitor a sensação de que o adeus de Lennox é, de fato, muito mais longo do que parece.

Chandler utiliza sua prosa afiada e estilo inconfundível para pintar um retrato melancólico de Los Angeles nos anos 50, um cenário onde a decadência moral se esconde por trás de fachadas brilhantes. Marlowe, sempre cínico e dono de uma moral peculiar, se torna um guia através desse mundo corrompido, onde a verdade é uma ilusão e cada pista leva a um beco sem saída.

O livro é mais do que um simples romance policial; é uma reflexão sobre a solidão, a lealdade e a inevitável passagem do tempo. Marlowe não é apenas um detetive, mas um personagem profundamente humano, cujas falas mordazes e observações precisas tornam cada página um deleite literário.

"O Longo Adeus" é um clássico absoluto, uma obra que transcende seu gênero e permanece relevante décadas após sua publicação. Se você busca um romance envolvente, que combina mistério, crítica social e uma das melhores escritas do século XX, esta é uma leitura indispensável.

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